sexta-feira, dezembro 02, 2011

700 cães precisando de colo

Pessoas atuando na causa animal é um fato relativamente comum. De uma maneira geral o ser humano se importante bastante com esses quadrúpedes que transformam a vida de seus donos. O cão é o melhor amigo do homem; o gato é independente, charmoso, elegante, transforma o ambiente e, ainda por cima, ronrona; cada qual com o seu amigo predileto. Tem gente até que desenvolve amor por pombo, canário, calopsita, papagaio etc. 
E com a senhora Célia Sciumbata não foi diferente. Dona Célia não conseguia ficar indiferente à causa animal. Sentia calafrios ao presenciar qualquer tipo de desrespeito em relação a animais domésticos. Durante sua vida de ativista se deparou com centenas de casos de abandono, doenças graves, atropelamentos, mutilações, fome severa, tudo aquilo que deixa o homem impressionado e desolado. Ela não entrava em pânico. Via sim, nesses casos desesperadores, um desafio e a possibilidade de renascimento para aqueles bichinhos aflitos. Uma verdadeira franciscana que ganhava paulatinamente a confiança daqueles que, meio sem saber, aprendiam a retomar o gosto pela vida que vale a pena ser vivida. 
E ao fazer essa escolha da proteção animal, sua história se aproxima da do santo - guardadas as devidas proporções, é claro. Ela se viu sem recursos e sem apoio da família e optou por ficar junto de seus queridos companheirinhos de quatro patas em seu sítio em Embu-Guaçu. Nunca se sentia sozinha, tinha cerca de 200 cães ao seu redor. Seu exemplo de benfeitoria influenciou os amigos, conhecidos, gente sensível que ajudava com o que podia. Tirando aqui, colocando acolá, Dona Célia ia mantendo a sua população canina. Como era tudo racionado, nem sempre dava para fazer o que o seu coração gostaria. Mas ela poupava esse danado desse órgão como podia. 
Se algum veterinário cogitasse que ela sacrificasse um de seus animais, ela endoidecia, dizendo que,  se ele fosse fazê-lo, que a sacrificasse junto - claro que isso era no calor do momento. Depois ela refletia a respeito e quando o caso era realmente grave, ela cedia, com o coração apertado e dolorido, todavia consciente de que fizera a melhor escolha. 
Em junho de 2003, Dona Célia encerrou suas atividades aqui neste plano. Foi ter junto com os seus queridos falecidos de quatro patas de toda uma vida. Como ficariam seus inquilinos resgatados? E o sítio em Embu-Guaçú, que fim teria? Teve o destino que merecia. Uma semana depois de sua passagem, um grupo de pessoas que já a ajudavam, enxertado de outros conhecidos comprometidos com a causa animal, aceitou continuar o legado de Dona Célia. Em julho daquele ano, surgia a Ong Abeac - Associação Bem-Estar Animal Amigos da Célia. A herança que Dona Célia deixou: mais de 300 cães e uma lição de vida. 


Os membros da Abeac perseveram desde então. O ápice do desafio da entidade ocorreu em meados de agosto desse ano quando assumiu um abrigo de cães na região de Parelheiros que era ajudado por um grupo que se autodenomiva "300 anjos". Essa associação se desfez diante das dificuldades de manter cerca de 300 cães. Esse compromisso assumido impunha a Abeac naquela época, em poucas palavras, essa transformação radical (foto abaixo):


E se depender da determinação de Marli Scaramella, membro da Abeac, a obra não para. "Assumimos a obrigação de melhorar a condição de vida dos cães de Parelheiros e estamos fazendo o possível e o impossível para atingir nossa meta, a construção de 25 canis." Para tanto, hoje, como nos tempos de Dona Célia, toda ajuda é bem-vinda. "Qualquer quantia, por menor que seja, pode fazer a diferença", explica Scaramella. Somando-se os cerca de 300 cães recém-resgatados pela Abeac com os 400 que já estavam sob sua tutela, chegamos a um total de 700 animais amparados pela entidade. 

DADOS PARA DEPÓSITOS BANCÁRIOS
Banco Itau (341)
Ag 0772
c/c 52385-8
Abeac Associação Bem Estar Animal Amigos da Célia
CNPJ: 06.164.870/0001-82
ANEXO 1: Cirurgias

Intervenções médicas são comum no cotidiano da Abeac. Veja o antes e o depois de David e Nino - filhotes de seis meses com glaucoma - e de Dora - 12 anos e cega (fotos abaixo). Um trabalho de amor incondicional de todos os envolvidos. 
David e Nino: fragilizados antes do bisturi

David, Nino e Amora (de cor preta) já com a saúde em dia
ANEXO 2: Na telinha?
  
Veja também os bastidores das gravações da TV Record em meados de outubro. O repórter cinematógrafico Ademir Salandim e a equipe da emissora registraram 40 min de imagens. Esse material pode ser aproveitado no Repórter Record do próximo domingo (4), apresentado pelo tarimbado jornalista Marcelo Rezende.