Esse cenário "nonsense" foi desencadeado por uma brincadeira de uma das mentes inquietas do final da década de 50, o jornalista Itaboraí Martins, na época jornalista de "O Estado de S. Paulo" e da rádio "Eldorado". Ele, arrefecido em seu direito maior de exercer a sua cidadania, comentou jocosamente com os amigos que votaria no paquiderme. Aquela declaração tocou fundo nos demais companheiros que começaram a cogitar a idéia. Diante da adesão gigantesca, ele e os compadres saíram pichando pela cidade os dizeres "Cacareco para Vereador", o que logo ganhou a atenção da mídia e da população local.
As autoridades tentaram, três dias antes das eleições, frustar a intenção dos fiéis apoiadores do quadrúpede de chifres, afastando-o da cidade e embarcando-o em um caminhão de volta ao Rio. Tal estratagema só confirmou a força política do animal que, segundo testemunhos de quem acompanhou as eleições e estimativas feitas por jornalistas, uma vez que aqueles votos nulos de protesto ficavam de fora das estatísticas oficiais, recebeu exagerados 90 mil "x" dos eleitores. O episódio ganhou destaque na revista "Times", que destacou a justificativa de um dos votantes: "É melhor eleger um rinoceronte do que um asno".
O mais engraçado é que Cacareco, que ostentava sua corpulenta massa de 900 kg, filho de Britador e Teresinha, cujo nome advinha do fato de ser feio e desengonçado quando filhote, era despido de pretensões políticas. Caiu de pára-quedas em São Paulo, por meio de um empréstimo do Zoológico do Rio de Janeiro para participar da inauguração do Zoológio de São Paulo, em março de 1.958.